Essa dissertação discute o tema de gênero e políticas públicas tendo como referencial empírico o projeto Mulheres da Paz, no âmbito do Programa Nacional de Segurança com Cidadania, o Pronasci, lançado no Rio de Janeiro em 2008, no governo do ex-presidente Lula, com posterior expansão a todo país. O estudo reflete a trajetória de vida e o cotidiano das Mulheres da Paz, uma década depois do lançamento do projeto. Foi realizada uma pesquisa empírica no território de Miguel Couto, na cidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde o projeto foi executado entre os anos de 2008 e 2011, com a participação de 143 mulheres deste local. Buscamos identificar em que medida essa política contribuiu para a autonomia, empoderamento e cidadania das mulheres beneficiárias, na perspectiva das relações de gênero, pautadas no programa de formação, e/ou ainda, se ele não foi significativo para alcançar novas possibilidades de autonomia em suas trajetórias. Para este estudo foi realizada uma pesquisa de campo com 20 mulheres exparticipantes do projeto. Nosso interesse nesta investigação foi de captar a realidade atual das mulheres beneficiárias desta política e a forma como elas traduziram as concepções e diretrizes do projeto para as suas vivências diárias. Em tempos de desmontes institucionais que impactam diretamente a vida das mulheres no Brasil, esta dissertação fomenta reflexões e produz memória de uma das últimas implementações de políticas públicas de amplo alcance e com transferência de renda direta, voltada às mulheres no estado do Rio de Janeiro.