Description:
O objetivo da presente dissertação é analisar as teses e os posicionamentos dos intelectuais e
lideranças umbandistas na Era Vargas, demonstrando as suas tentativas de buscar o
reconhecimento social, o respeito religioso e a legitimação da religião. A legislação então
existente, ao mesmo tempo que reconhecia a plena liberdade religiosa, discriminava as
religiões de matriz africana porque diferiam do padrão socialmente aceitável, notadamente
aquelas consideradas fetichistas e atrasadas. Coube aos intelectuais umbandistas buscarem a
diferenciação das manifestações religiosas não aceitas pelo estado. Nesse sentido, os autores
da Umbanda desenvolveram publicações doutrinárias onde buscavam, ao mesmo tempo,
reconhecer o papel da magia na religião e justificá-la na legislação, ressignificando as suas
práticas religiosas. Nessa pesquisa, propõe-se esclarecer se essa ressignificação se configurou
no afastamento da origem de matriz africana, de fato, ou se foi a estratégia utilizada para se
adequar a nova institucionalidade a partir do Governo Vargas. O saber popular cunhou o
ditado que diz “política e religião não se discutem”. Entretanto, o discurso religioso conquista
cada vez mais espaço na cena política, e assim, discutir essa relação entre o Estado e a
Religião e o ideal do Estado Laico e da plena liberdade de crença e de culto, tornou-se não
apenas relevante, mas, imprescindível.