Recentemente, as discussões sobre a crise da democracia representativa se multiplicam, fomentando críticas à política partidária e favorecendo a ascensão de outsiders, ou seja, indivíduos não ligados ou não identificados com a política tradicional. Diversas têm sido as causas e consequências apontadas para isso. Neste contexto, as organizações suprapartidárias de formação e renovação política ganham espaço e passam a ter cada vez mais relevância no cenário político-institucional nacional. Beneficiam-se de uma aversão à política e de um discurso tecnicista. O trabalho em questão tem por objetivo analisar o discurso, as propostas e a atuação parlamentar de duas dessas organizações - RAPS e RenovaBR, inserindo-as no contexto da crise de representação política recente. Verifica-se, por meio da análise de documentos e dados abertos do congresso nacional, quais tipos de interesses, opiniões e perspectivas tais organizações representam, na articulação entre ideias e políticas. A hipótese levantada é de que essas organizações se favorecem da recente crise da democracia representativa brasileira e latinoamericana, propondo uma "nova política", mas na prática não apresentam avanços representativos significativos e tampouco rompem com os referenciais políticos vigentes.