Descripción:
Este trabalho apresenta narrativas de vinte mulheres, alunas de duas escolas públicas de Macapá-AP, que vivenciaram a gravidez na adolescência e, por conseguinte, interromperam seus estudos. Objetivou-se verificar quais fatores são determinantes para a evasão escolar e motivadores para a escolarização tardia e, a partir desses elementos, identificar potenciais estratégias intersetoriais que podem apoiar as alunas adolescentes a permanecerem na escola.
Os instrumentos para obtenção dos dados foram a realização de grupos focais e de duas entrevistas narrativas. As análises de conteúdo constituíram-se com base na percepção das alunas. Os resultados demonstram que há uma tendência da família, de adolescentes grávidas, optar pela união do casal, e que essas novas responsabilidades acabam determinando o abandono escolar. O rompimento de laços com a escola impactam, a longo prazo, a trajetória educacional e, por conseguinte, a falta de autonomia econômica das meninas. A ausência de políticas públicas permanentes para essa população tende a colaborar para o contexto de extrema pobreza e desvantagem social. À medida que a adolescente se afasta da escola cria se um ciclo de exclusão, de reincidência da gravidez, dificuldade de acessar programas sociais, por falta de documentação, serviços de saúde e qualificação profissional. No que se refere a motivação para o retorno aos estudos, observou-se a centralidade na intenção de proporcionar uma vida melhor aos filhos/filhas. O reingresso à escola, reposiciona essa mulher ao ambiente de aprendizagem, ao convívio social e acesso a outras oportunidades. O estudo sugere algumas estratégias, intersetoriais, para que a adolescente não interrompa os estudos.