Descripción:
A intersetorialidade tem sido amplamente discutida no âmbito das políticas públicas sem que, contudo, tenha sido formulada uma teoria a seu respeito, a polissemia do termo identificada por diversos autores é mais um motivo para se debruçar sobre ele em pesquisa, principalmente as que possam delimitá-lo a um campo do saber. No âmbito da formulação de políticas públicas para atenção em saúde mental da criança e do adolescente, o conceito de intersetorialidade assume o lugar de princípio em função da condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, que a legislação do Estado brasileiro garante à criança, de modo que a família, a sociedade e o Estado são responsáveis por ela. Este estudo objetivou analisar como a Intersetorialidade tem sido trabalhada no âmbito da Política de Atenção em Saúde Mental Infanto-juvenil (PSMI) a partir de documentos oficiais do Estado e da produção científica da área. Utilizando de metodologia qualitativa através da análise documental de Cellard (2012) aplicada aos documentos oficiais produzidos pelo Estado para fins da PSMI no período de 2001 a 2019 e da análise de conteúdo segundo Bardin (1977), Moraes (1999) e Deslandes, Gomes e Minayo (2010) aplicada a revisão narrativa de literatura por meio da qual estabeleceu-se o percurso metodológico para interpretação dos sentidos da intersetorialidade no campo acadêmico da PSMI. Desse modo foi possível compreender a relação entre teoria e prática da intersetorialidade aplicada a PSMI. O estudo justifica-se perante a exigência da intersetorialidade no estabelecimento da clínica ampliada para a população infantojuvenil e a necessidade de compreender este termo, especificamente neste contexto, evitando a ressignificação e perda de sentido do mesmo, além disso, visa contribuir para a formação acadêmica de profissionais que, uma vez submetidos ao paradigma positivista de produção do conhecimento, apresentam dificuldades de adaptação à pratica devido a dinâmica complexa da demanda infantojuvenil. Dentre os resultados encontrados destaca-se que a Intersetorialidade para a Área Técnica da Saúde Mental e também para a produção acadêmica sobre SMI é compreendida como uma estratégia de gestão para elaboração, execução e avaliação de políticas públicas por meio da articulação de saberes e fazeres distintos dos setores governamentais, instituições não governamentais, políticas e serviços através do diálogo e da pactuação coletiva do trabalho.