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Se os saberes das juventudes e suas opiniões sobre o mundo pouco são considerados nos processos educativos, como esperar delas uma participação interessada na sala de aula? A presente pesquisa, motivada por tal inquietação e atravessada pela análise das políticas públicas aplicadas à educação, procurou investigar a percepção da/o estudante do terceiro ano do Ensino Médio, da rede pública estadual do Rio de Janeiro, sobre a sala de aula e a produção do conhecimento, bem como compreender as motivações que guiam a relação das/os jovens estudantes com a escola, a sala de aula e a produção de pensamento reflexivo. Com isso, pretendia-se levantar dados e evidências que pudessem subsidiar a formulação de novas propostas pedagógicas, a atuação dos professores na sala de aula e a Secretaria de Educação no processo de formulação dos projetos pedagógicos. Para tal, optamos pelo método qualitativo e pela abordagem interpretativa, embora tenhamos, também, aplicado um questionário de pesquisa com perguntas fechadas, com o objetivo de traçar o perfil das/os jovens pesquisadas/os. Os resultados da pesquisa apontam que os estudantes de fato têm pouco interesse pela produção do conhecimento em sala de aula, questão pela qual costuma ser responsabilizado/a o/a professor/a ou a/o estudante; e pouco pensada como uma situação relacionada à política educacional em nível macro. Concluiu-se que a relação da/o jovem estudante com a produção do conhecimento, em sala de aula, está intimamente ligada ao vínculo professor/a estudante; que sua desmotivação se relaciona ao não reconhecimento como sujeito pensante. Foi percebido, também, que a “desmotivação” pode estar atrelada a fatores como a menos-valia que acomete, majoritariamente, os atuais sujeitos da educação pública (pobres, classe trabalhadora e negros); e, ainda, ao racismo institucional, que faz com que a humanidade dos/as estudantes negros/as seja negada, prejudicando a construção do autoconceito positivo que lhes permita apreender ou produzir conhecimentos.