Descripción:
Esta dissertação trata dos desafios da regulação do teletrabalho no Brasil,
considerando a intersecção entre os impactos da reforma trabalhista, o papel do Estado e a
divisão social e sexual do trabalho com foco nas trabalhadoras da categoria bancária que
executam as suas atividades laborais na modalidade home office. O estudo sobre as
trabalhadoras bancárias permite ampliar o olhar sobre as configurações recentes no mercado
de trabalho a partir das novas tecnologias e os impactos sociais relacionados à intensificação
do trabalho à distância durante a pandemia do Sars-Cov-2. Para tanto, correlaciona as
variáveis emprego, saúde e condições de trabalho, buscando desvendar os aspectos
relacionados aos direitos trabalhistas e ampliar o entendimento acerca das formas flexíveis de
trabalho, tendo a desregulamentação dos direitos sociais pelo Estado e a flexibilização das
condições de trabalho como processos que resultam das mudanças do mundo do trabalho,
dentre os quais atingem intensamente segmentos mais vulneráveis da população, incluindo as
mulheres. O teletrabalho se tornou um fenômeno passível de investigação empírica no período
mais recente devido a sua rápida disseminação nas relações de trabalho em função da
necessidade de isolamento social imposta pela pandemia do coronavírus, estimulando
empresas a investirem cada vez mais em tecnologias comunicacionais e no chamado
“marketing positivo” para persuadir os(as) trabalhadores(as) acerca dos benefícios do home
office. A pesquisa que concebemos problematiza a disputa ideológica no cenário do
neoliberalismo em relação à nova dinâmica estabelecida no mercado de trabalho, trazendo
para a discussão processos como a precariedade nas relações de trabalho à luz digitalização, e
a retirada de direitos defendida e legitimada pelas políticas de ajuste fiscal do Estado, que
corroboraram as desigualdades de gênero. O argumento central é o de que após a pandemia
observou-se um agravamento da exploração sobre a força de trabalho feminina, em
específico, das bancárias, considerando o caráter imaterial e invisível do trabalho exercido aos
olhos da sociedade. Somado a isso, buscamos discutir como o movimento sindical bancário
tem enfrentado os desafios da organização em busca de defesa da proteção dos direitos
trabalhistas, e como tem empregado esforços de regulação do teletrabalho visando condições
equânimes de trabalho entre homens e mulheres e a ampliação da proteção social para elas.