Esta pesquisa busca compreender as razões da meteórica ascensão do Movimento Brasil Livre (MBL), reconhecido como o mais expressivo protagonista dentre as várias organizações criadas no bojo das Jornadas de Junho de 2013 — antes, durante ou depois desse fato político de magnitude elevada. Para tanto, e dentro de um recorte temporal que se restringe ao período entre 2013 e 2018, foi empreendida pesquisa bibliográfica em diversas plataformas e mídias (revistas, jornais, redes sociais, filmes, internet, livros, etc), coleta e sistematização de informações. No processo analítico de leitura dos fenômenos, foi considerado o papel e o lugar do pesquisador enquanto sujeito participante no processo. A hipótese prioritária escuda-se na imagem mental de que um “grupo de jovens” de classe média se aproveitou da ocasião e se posicionou de forma a instrumentalizar as decisões de pessoas aparentemente não politizadas, conquistando espaços em razão de uma ampla convergência de atores em torno da construção de um país e uma sociedade melhores. Contaram com sorte e oportunismo e foram contemplados pela conjuntura favorável. Constituindo-se, inicialmente, à margem da política institucional e posteriormente a ela integrada, foi quem melhor soube aproveitar os benefícios e oportunidades oferecidas pelas redes sociais, por meio das quais divulgou suas posições e ações, disseminou sua pauta política e ampliou significativamente seus apoiadores. Cumpriu papel relevante nos episódios que resultaram no golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e ofereceu contribuições inegáveis para a construção do ambiente comportamentalmente moralista, economicamente entreguista e politicamente autoritário, que resultou na eleição e no governo de Jair Bolsonaro, além da eleição de alguns de seus membros para cargos no legislativo. Essa trajetória se deu sem a presença de medalhões da política, ao contrário, tendo em suas fileiras apenas jovens desconhecidos e inexperientes, entre 2013 e 2018.