Os Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia – NEOJIBA é um programa que utiliza a prática musical coletiva para promover o desenvolvimento humano e a integração social de crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade. A maioria tem como perfil ser de famílias de baixa renda, pardos, negros, estudantes de escola pública e moradores de bairros populares. O Neojiba foi criado em 2007, tem como inspiração musical e pedagógica o programa venezuelano “El Sistema”, a gestão é feita em parceria por uma Organização Social – OS e funciona com treze núcleos espalhados pela capital e interior do estado. A pesquisa buscou identificar junto aos integrantes: quais as contribuições do Programa Neojiba para o desenvolvimento humano e integração social de seus beneficiários. E como os jovens participantes do Neojiba percebem sua condição, se houve avanço com a participação no Programa. Para responder a essas questões recorremos ao filme documentário “Neojiba - Música que Transforma”, que retrata o cotidiano dos participantes, documentos oficiais, análise dos dados socioassistenciais dos anos de 2015 a 2020, estudos acadêmicos e entrevistas com oito jovens integrantes das formações principais do programa. Com oito turnês internacionais realizadas e mais de duas mil crianças, adolescentes e jovens atendidos diretamente por ano, o Neojiba tem alcançado repercussão estadual e até internacional pela excelência nos resultados musicais alcançados. Com a pesquisa foi possível conhecer particularidades, motivações, reações e perspectivas dos integrantes, sendo a hipótese da pesquisa confirmada. Entre as contribuições estão a prática coletiva da música, as responsabilidades com o coletivo, o crescimento pessoal e cultural, as oportunidades, a qualidade da rede de relações. Os jovens entrevistados reconhecem que houve melhoria nas suas vidas, declararam sentir a força da música e que os aprendizados adquiridos ajudam a construir novas trajetórias, acesso a espaços desejados e uma convivência estimulante, onde a questão financeira é importante, mas não assume um papel central nas escolhas, sendo este assumido pela satisfação pessoal e pela responsabilidade com o coletivo. Participar das turnês internacionais representou para os entrevistados abertura de novas portas, acesso a outros mundos, conhecer lugares e culturas diferentes, experiência para a formação profissional. Seis dos oito entrevistados estão cursando o ensino superior, dado que demonstra um investimento na trajetória acadêmica, preparação para o mundo do trabalho, com a possibilidade de profissões com melhor remuneração. Identifica-se o esforço dos jovens e seus familiares para ingressar e permanecer no programa. Eles afirmam a importância da cultura e da educação nas suas vidas, a convivência com o belo, para estes jovens que mesmo vivendo cotidianamente com desigualdades sociais, é uma ponte que os leva para a reconexão de sentimentos como a alegria e a construção de caminhos.