Esta dissertação analisa o panorama da produção acadêmica sobre atenção à saúde mental dos estudantes universitários, no âmbito da área de atenção à saúde preconizada pelo PNAES, questionando seu alinhamento à racionalidade neoliberal implantada na gestão universitária. A partir de referencial teórico materialista histórico-dialético, propomos uma reflexão do sentido social da Universidade no contexto do capitalismo dependente no Brasil, e sobre a forma como a socialidade capitalista atua na formação da subjetividade e, particularmente, como a racionalidade neoliberal produz e gestiona o sofrimento psicológico na atualidade. Foi realizada revisão narrativa de produções científicas sobre as estratégias utilizadas pelas IFES (ações, programas, projetos e serviços) para executar ações de atenção à saúde mental dos universitários no âmbito do PNAES. Através da Análise de Conteúdo temática, foi possível identificar uma visão predominante de saúde mental alinhada à lógica neoliberal de disposição ótima do sujeito para a contínua exploração, condizente com a dificuldade de implantar propostas de intervenção que contemplem características democráticas e emancipatórias. Foi identificado também que a Psicologia, nos dispositivos de assistência estudantil, busca construir uma nova identidade em seus fazeres no sentido de uma Psicologia Escolar e Educacional, mas ainda é identificada pelo público-alvo e pela instituição como recurso clínico, pressionando as equipes com a expectativa de atendimento de uma demanda crescente. Como resultado proeminente da análise, foi identificada a ausência marcante de amparo teórico e de discussão a respeito das categorias Estado, Políticas Públicas e Universidade, o que pode ser inferido como um dos principais entraves à construção de alternativas que atendam à complexidade e profundidade do sofrimento psicológico identificado na população universitária. Considerando as limitações de nossa análise, entendemos que são necessários estudos aprofundados de base sociológica sobre o tema, que utilizem metodologias compreensivas que considerem a variedade de atores envolvidos no tema, especialmente os universitários.