Esta pesquisa teve como preocupação avaliar a importância cultural e política do Festival de Música Popular de Ibotirama – FEMPI, o único festival do Brasil que possui 46 anos ininterruptos. Trata-se de um fenômeno nascido dentro da ditadura militar, em 1977 e a sua “disputa” com a lógica mercadológica da indústria musical baiana do final da década de 90, com a invenção do carnaval fora de época. Em 1977, quando o IBOTIFOLIA é introduzido na semana de Cultura de Ibotirama, o FEMPI, que era o principal evento da festa, passa a ocupar o segundo lugar, permanecendo assim até hoje. Este trabalho buscou ainda situar o FEMPI com as políticas públicas culturais brasileira, baiana e ibotiramense do período, revelando as contradições e peculiaridades desta relação, em que essa expressão se sobrepôs e resistiu. A base teórica está alicerçada, dentre outros, em RUBIM, ADORNO e HORKEIMER, NAPOLITANO e BOMFIM. Outras fontes foram: fotografias, cartazes, mapas, letras de músicas, coleta de depoimentos de personagens que o ajudaram a criar e artistas que participaram dos primeiros festivais na década de 70. Os resultados destes dados explicitaram as circunstâncias em que a comunidade, por iniciativa própria e voluntária, resolveu organizar e realizar os primeiros festivais, os quais traziam em sua origem, canções contestatórias contra o regime militar da época. E sem nenhuma política pública cultural específica para sua realização, contudo, o FEMPI sobrevive, com avanços e retrocessos, há 46 anos ininterruptos.