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Por meio deste estudo busca-se responder se houve alterações a partir da Lei 12.711/2012, a
Lei de Cotas, no perfil dos alunos do curso de medicina nas universidades públicas e, em caso
afirmativo, quais são essas alterações. O estudo tem foco na Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ) e na Universidade Federal do Pará (UFPA), universidades pioneiras na
implementação das cotas em duas regiões distintas, Sudeste e Norte do Brasil,
respectivamente. Levando em consideração a história e o volume de dados disponíveis, a
abordagem da pesquisa teve uma proposição quantitativa e qualitativa de investigação,
reflexão e descrição da realidade que envolve o perfil dos alunos de Medicina dessas
instituições. As informações que balizaram a pesquisa surgem a partir de dados próprios
dessas universidades, do Anuário brasileiro 2019, da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua - IBGE (Pnad Contínua), do Censo da Educação Superior e Exame
Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) realizados pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), vinculado ao Ministério da
Educação (MEC). Construiu-se um debate abordando os principais marcos teóricos sobre
ações afirmativas enquanto políticas compensatórias adotadas com o objetivo de mitigar e até
mesmo corrigir os efeitos perversos da longa história discriminatória contra os negros. Como
resultado alcançado, compreendemos que tanto a UERJ quanto a UFPA, apesar de terem
implantado a política de cotas antes mesmo da Lei de Cotas, preservam uma composição de
alunos mais elitizados ao longo dos anos, de forma que o perfil do aluno de Medicina
permaneceu predominantemente branco e representando uma classe economicamente
abastadas. Apesar disso, também entendemos que algumas mudanças, ainda que
aparentemente pequenas, nos números de alunos negros devem ser referendadas, e atribuído
mérito às políticas de cotas e também a outras formas de inclusão que ao longo do tempo tem
sido debatidas e trazidas à tona. Afinal, a equidade no campo educacional, além de um direito,
é um dever previsto naConstituição Federal de 1988, com grande relevância social para que o
Brasil possa superaro seu passado de discriminação e exclusão social.